quinta-feira, 11 de abril de 2013

Desde há muito


Lembro-me de uma vez olhar para os bebés e ao vê-los olhar um para o outro ter a certeza que já se conheciam há muito. Mas não era só se conhecerem, eram cúmplices. Teriam uns 3 meses, começavam a ter mais noção do mundo e dos outros, mas aquele olhar era de quem já se conhecia há mais de 3 meses. A ligação era anterior e muito mais forte do que eu poderia imaginar. Naquele momento parei a olhá-los, a absorver aquele momento e a gravá-lo na minha memória.
A ligação entre irmãos é sempre especial, mas a ligação entre gémeos, é a meu ver mais profunda ainda. Quando tentava interpretar aquele olhar lembrei-me de quando a obstetra numa das ecografia me explicou que, apesar de estarem em bolsas diferentes, possivelmente se conseguiam ver um ao outro. Sim, eles já se tinha olhado durante muito tempo, já se sentiam e conheciam desde a luta por espaço na minha barriga.
Posteriormente a isto, numa consulta com o Pediatra perguntei o que podia esperar no desenvolvimento da fala nos meus filhos. Não sou daquelas mães que compete pelas proezas dos filhos, “o meu andou aos 8 meses”, “O meu com esta idade já gatinha”, “o meu já tem dentes”, “o meu com 9 meses já diz o abecedário”. Ok! Acreditem, comecei a andar com 8 meses e isso não me abriu portas nenhumas, mais importante que estimulá-los para que “cumpram” cada uma das fases, é respeitar o tempo e desenvolvimento de cada um. Fiz a pergunta porque segundo outras mães de gémeos e  segundo algumas coisa que li é comum que os gémeos falem e andem mais tarde que os outros bebés, e atenção não é uma predestinação.
 Isto acontece essencialmente por duas razões tempo, o tempo que temos é repartido por dois e por uma questão de foco, muitas vezes a atenção é dividida, os pais não se fixam só num bebé, olhando nos olhos e falando, focando-se num de cada vez. Mas na questão da fala há outra questão que o Pediatra me explicou, o entendimento entre eles é muito maior do que aquilo que percepcionamos e muito maior do que o entendimento que têm connosco, então neste caso é uma questão de necessidade ou falta dela. Se eles se entendem entre eles melhor do que nós imaginamos, não têm tanta necessidade de comunicar connosco pais e com o resto do mundo. Afinal têm que os perceba, funcionam quase como muleta um do outro. Não é maravilhoso? E eles com 8 meses palram um com um outro, riem um com o outro, riem um do outro. E conhecem-se tão bem! 

3 comentários:

  1. Delicio-me. Oito meses de um coração cheio pelos melhores sobrinhos do mundo.

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  2. Que maravilha saber mais acerca dos gémeos...
    Tão bom confirmar que a cumplicidade vai além das palavras. Basta um olhar, basta um sorriso, basta um palrar... QUE BOM!!! Existe mesmo magia na vida, na natureza e no AMOR*

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