quinta-feira, 18 de abril de 2013

Um ano depois da descoberta

Escrito a 14 de Fevereiro de 2013

"E fez ontem um ano que soube que eram dois os bebés que carregava na barriga. Quando vi por trás do primeiro bebé outro par de perninhas a mexer freneticamente confirmei aquilo que o meu coração já sabia: são dois. Então a médica disse: “Temos aqui outro” e eu feliz chorei. Não dá para explicar o que é ser mãe de gémeos, é mais do que se possa imaginar, é a medida certa para uma vontade desmesurada de ser mãe, é saber que teremos o coração, a casa e a vida cheios para sempre. São gémeos, poderia ser hoje o título da minha vida.
Sempre que dizia que estava grávida de gémeos o povo tecia uma série de argumentos, vomitavam opiniões sobre quão tenebrosa iria ser a minha vida. “Dois?”, “Ai dois, tu não sabes o que te espera”. Gritavam desesperados, afligiam-se com a minha pouca sorte. Diziam “Engraçado, sem ter graça nenhuma”. E quando dizia que gostaria de voltar a ser mãe, a mesma frase era projectada com a mesma convicção pelas mais variadas pessoas: “Deixa-os nascer que logo vês se queres mais”.
Garantidamente hoje digo com toda a calma, perseverança e felicidade: foi a melhor coisa que me podia ter acontecido. Leituras de sina assustadoras à parte, digo a todas as pessoas que julgam e julgaram saber o que é ter gémeos: tem sido uma aventura deliciosamente fantástica. Com todo o trabalho, tempo e paciência que envolve ter dois bebés numa casa, afirmo com toda a certeza que a experiência não foi, nem será assustadora ou má. Tem sido maravilhosa. Bebés dão trabalho, choram, têm fome, fazem chichi e cocó na fralda, choram, acordam de noite para comer, têm dores, choram, comem, choram, comem, exigem de nós mais do que qualquer pesssoa, fazem birras, comem, fazem cocó, gritam, palram, sujam roupa e mais roupa. A vida muda, é outra vida. Mas afinal não temos que estar conscientes da exigência de um desafio quando o aceitamos?
Volvidos 6 meses, digo novamente. Sim, gostava de voltar a ser mãe e sim dava tudo para que fossem gémeos. Não, não estou ”despachada”."

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