sexta-feira, 17 de maio de 2013

Tê-los

Foi no primeiro CTG que a enfermeira me disse que estava com contracções… de 3 em 3 minutos. E eu, que não sentia nada, fiquei completamente atordoada. Tinha chegado a hora?
Fui nesse mesmo dia reencaminhada para a maternidade e lá fui calma e serena achando que seria mãe naquele mesmo dia. Cheguei à maternidade e feito o primeiro toque acharam (!) que as águas tinham rebentado. Depois outro médico verificou que não,  ainda não tinha chegado a hora. “Está para breve, mas não é para já.”
E lá fiquei internada, em pleno Agosto, um sol maravilhoso, um calor imenso e uma ansiedade maior ainda. Depois deste primeiro dia passaram-se mais dois. Era um fim-de-semana solarengo e não fui vista por nenhum médico, fazia vários CTG’s por dia, era seguida por enfermeiras. As contracções continuavam, sem nenhuma dor, mas continuavam. Tantos CTG’s fiz que a dada altura percebi que bastava respirar fundo e a intensidade das contracções aumentava brutalmente. Era falta de espaço, já algumas enfermeiras me tinham dito que as contracções se deviam possivelmente ao espaço já escasso no útero. E ali fiquei, ouvia as futuras mamãs chegarem, a sala de indução era ao lado dos quartos de internamento onde eu estava. E aqui o verbo ouvir é o mais exacto, ouvia gritos, ouvia mal dizerem os médicos e enfermeiras, ouvia chorarem desesperadas a meio da noite. E a minha ansiedade disparava, era como se o meu trabalho de parto começasse de cada vez que as ouvia. Só me cruzei com uma grávida mais calma, caminhava pelo corredor, respirando, respirando, com uma cara que traduzia as dores que sentia, mas calma. Perguntei-lhe como estava, disse-me que estava com dores, mas que estava quase, pouco depois foi para a sala de partos. Calma, sempre calma. Foquei a minha mente naquela mulher.
Mas durante aqueles longos dias ali permaneci, tal e qual como ali cheguei, confinada a um quarto e um corredor, as janelas não abriam. Os 18 quilos que ganhei com a gravidez acusavam naquele colchão péssimo, durante a noite levantava-me para conseguir respirar. A sensação que tinha quando estava deitada era que com a dureza do colchão e o meu peso era impossível respirar adequadamente, era como se a caixa torácica não se conseguisse expandir o suficiente.
Valiam as fantásticas enfermeiras e auxiliares com quem me cruzei. E o papá. O papá vale sempre tudo. Estava sempre lá na hora da visita.
Na segunda-feira volto a ser vista pelos médicos, a mesma equipa que me tinha visto no dia em que cheguei. Estava tudo na mesma, pedi para ir para casa, a médica não estava muito convencida. Eu vivia longe da maternidade, disse que havia a possibilidade de ficar ali pertinho, pertinho e ela gentilmente deixou. Tinha que voltar passados dois dias. Voltei, mas não acreditava que o parto fosse acontecer naquele dia, afinal sentia-me igual, na mesma sem nenhuma alteração. 
Voltei. Estava a mesma equipa. A mesma fantástica equipa. E estando tudo exactamente na mesma. O médico pergunta se quero conhecer os meus filhos naquele dia. Como queria. E assim foi. Um bocadinho de ocitocina, parto provocado e lá vamos nós.

… continuarei no próximo post.

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